Buraco no meu Caminho?

Seguia a minha estrada agora menos solitária, alguém entrou nela e deixou a porta aberta para que mais me possam acompanhar na minha jornada.
Muitos tentaram acompanhar-me no meu sinuoso caminho e desistiram com medo do destino que essa estrada reservava. Sigo o meu caminho sem estar sozinho e chego ao fim da estrada. Olho em redor e já não vejo o caminho que estava a seguir. Estranho, ainda agora lá estava, mas no seu lugar estava agora um buraco do qual não se via o fundo.
Perguntei quem queria vir comigo explorar aquele lugar que não tinha fim e ninguém se pronunciou. Decidi ir sozinho então. Lá fui eu, como que um passáro livre a descer esse buraco sentido o vento nos meus cabelos enquanto o meu corpo descia esse buraco.
A certa altura já não sabia se o meu corpo estava a cair ou a subir, fechei os olhos, não por medo para para desfrutar da adrenalina e do vento tropical que teimava em circular entre os meus cabelos.
Abri de novo os meus olhos. Já não me sentia a cair... Vi-me parado num vazio que parcia estar ali mas no fundo nada estava lá. Vejo pessoas, pessoas conhecidas afastando-se entrando na escuridão luminosa que envolve esse nada. Deveria sentir-me só? Talvez, mas não me sentia assim, senti-me, em vez disso, preenchido. Estranho não é?
Olhava em redor e via as minhas recordações dentro de uma especie de bolhas que as retiam. Ao tocar nelas sitia-me como me senti na altura em que elas se fizeram. Ri-me, chorei, assustei-me, tive medo, senti amor, senti amizade, saudade e ao tocar numa ultima bolha, senti paixão. Tanto sentimento, no entanto todos ligados a meras recordações, a momentos vividos.
Senti chão debaixo dos meus pés, no entando ao olhar para baixo continuava a ver um vazio, nada de chão. Comecei a caminhar sem rumo, se não há caminhos como pode haver rumos?
Encontrei mais bolhas e senti mais recordações. Umas familiares outras completamente desconhecidas. Senti um sorriso na minha cara, senti algo diferente das outras recordações, senti o calor dos sentimentos que as pessoas nutriam por mim. Senti-me em paz, feliz.
Continuem em frente e vi uma brecha no nada que lá estava. Passei-a e quando dei por mim estava devolta ao meu caminho, olhei em redor e o buraco desaparcera, vi-me de novo rodeado das pessoas com quem seguia o meu caminho momentos antes, retomei o meu rumo. Fiquei sem saber se aquilo fora um sonho, uma visão ou realidade. Bem, de qualquer modo, temos de seguir os nossos rumos na mesma, independentemente do que apareça neles.

- Devil Angel